quarta-feira, 13 de abril de 2011

Um Espírito Que Não Se Acredita Morto


Um dos nossos assinantes, do departamento de Loiret, ótimo médium escrevente, escreveu o que se segue sobre vários fatos de aparição que lhe foram pessoais.

“Não querendo deixar no esquecimento nenhum dos fatos que vêm em apoio da Doutrina Espírita, venho comunicar-vos novos fenômenos dos quais sou a testemunha e o médium, e que, como o reconhecereis, concordo perfeitamente com tudo o que publicastes em vossa Revista sobre os diversos estados dos Espíritos depois da sua separação do corpo.

“Há cerca de seis meses, ocupava-me de comunicações Espíritas com várias pessoas, quando me veio o pensamento de perguntar se, entre os assistentes, encontrava-se algum médium vidente. O Espírito respondeu afirmativamente e, designando-me, acrescentou: Tu já o és, mas num grau fraco, e somente durante o teu sono; mais tarde teu temperamento se modificará de tal forma, que te tornarás um excelente médium vidente, mas pouco a pouco, e primeiro somente durante o sono.

“No curso deste ano, tivemos a dor de perder três dos nossos parentes. Um deles, que era meu tio, apareceu-me, algum tempo depois de sua morte, durante meu sono; teve comigo uma longa conversa, e conduziu-me ao lugar que habita, e que me disse ser 0o último degrau conduzindo à morada da felicidade eterna. Tive a intenção de dar-vos a explicação do que admirei nessa morada incomparável, mas tendo consultado meu Espírito familiar a esse respeito, respondeu-me: - A alegria e a felicidade que experimentastes poderiam influenciar o relato que farias das maravilhosas belezas que admiraste, e tua imaginação poderia causas coisas que não existem. Espera que teu Espírito esteja mais calmo. Detive-me, pois, para obedecer ao meu guia, e não me ocuparei senão de duas outras visões que são mais positivas. Reportar-vos-ei somente as últimas palavras de meu tio. Quando admirava aquilo que me era permitido ver, ele me disse: - Vais agora retornar à Terra. eu lhe supliquei conceder-me ainda alguns instantes. – Não, disse, são cinco horas, e deves retomar o curso de tua existência. No mesmo instante despertei, e cinco horas soaram no meu relógio.

“Minha segunda visão foi a de um dos parentes falecidos este ano. Era um homem virtuoso, amável, bom pai de família, bom cristão, e, embora doente há muito tempo, morreu quase subitamente, e talvez no momento em que menos nisso pensava. Seu rosto tinha uma expressão indefinível, sério, triste e feliz ao mesmo tempo. Ele me disse: - Expio minhas faltas; mas tenho uma consolação, continuo a viver no meio de minha mulher e de meus filhos, e lhes inspiro bons pensamentos; orai por mim.

“A terceira visão é mais característica, e me foi confirmada por um fato material; é a do terceiro parente. Era um excelente homem, mas vivo, violento, imperioso com os domésticos, e sobretudo dando outra medida aos bens deste mundo; demasiado cético, ocupava-se mais desta vida do que da futura. Algum tempo depois de sua morte, veio à noite e se pôs a sacudir minhas cortinas com impaciência, como para me despertar. Como, disse-lhe, estas? – Sim, vim procurá-lo, porque és o único que pode responder-me. Minha mulher e meus filhos partiram para Orléans; quis segui-los, mas ninguém quis me obedecer. Disse a Pierre para fazer meus pacotes, mas não me escutou; ninguém deu-me atenção. Se pudesses vir colocar os cavalos noutra viatura e fazer meus pacotes, me prestarias grande serviço, porque poderia ir reencontrar minha mulher em Orléans. – Mas não pode fazê-lo tu mesmo? – Não, porque não sou nada elevado; desde o sono que experimentei durante minha doença, mudei muito; não sei mais onde estou; tenho um pesadelo. – De onde vens? – De B... – É do castelo? – Não! Respondeu-me com um grito de horror, e levando a mão sobre a fronte, é do cemitério! - - Depois de um gesto de desespero, acrescentou: - Meu caro amigo, diga a todos os meus parentes para orarem por mim, porque sou muito infeliz! – A essas palavras foi-se, e o perdi de vista. Quando ele veio procurar-me e sacudir minhas cortinas com impaciência, sua figura exprimia uma horrível alucinação. Quando lhe perguntei o que fizera para agitar minhas cortinas, ele que nada podia levantar, respondeu-me bruscamente: Com meu sopro!

“No dia seguinte soube que sua mulher e seus filhos, efetivamente, haviam partido para Orléans”.

-o-

Esta última aparição é sobretudo notável naquilo que a ilusão, que leva certos Espíritos a se crerem ainda vivos, prolongou-se neste bem mais tempo do que em casos análogos. Muito comumente, ela não dura senão alguns dias, ao passo que aqui, depois de mais de três meses, ele não se acreditava ainda morto. De resto, a situação é perfeitamente idêntica à que observamos muitas vezes. Ele vê tudo como durante sua vida; quer falar, e fica surpreso por não ser escutado; ele vaga, ou crê vagar, em suas ocupações habituais. A existência do perispírito está aqui demonstrada de um modo marcante, abstração feita da visão. Uma vez que se crê vivo, ele se vê, pois, um corpo semelhante ao que deixou; esse corpo age como o outro o faria; para ele nada parece mudado; somente ainda não estudou as propriedades de seu novo corpo; ele o crê denso e material como o primeiro, e se espanta por nada poder levantar. Encontra, todavia, na sua situação, alguma coisa estranha da qual não se dá conta; crê estar sob o império de um pesadelo; toma a morte por um sono; é um estado misto entre vida corpórea e a vida Espírita, estado sempre penoso e cheio de ansiedade, e que tem de um e de outro. Como dissemos alhures, é a conseqüência, quase constante, de mortes instantâneas, tais como as que ocorrem por suicídio, apoplexia, suplício, combate, etc.

Sabemos que a separação do corpo e do perispírito se opera gradualmente, e não de modo brusco; começa antes da morte, quando esta chega pela extinção natural das forças vitais, seja pela idade, seja pela doença, e sobretudo naqueles que, quando vivos, pressentem seu fim, e se identificam pelo pensamento com sua existência futura, de tal sorte que no instante do último suspiro ela está quase completa. Quando a morte surpreende, de improviso, um corpo cheio de vida, a separação não começa senão neste momento, e não acaba senão pouco a pouco. Enquanto existir um laço entre o corpo e o Espírito, este estará na perturbação, e se entra bruscamente no mundo dos Espíritos, sente um abalo que não lhe permite reconhecer desde logo sua situação, não mais que as propriedades de seu novo corpo; é preciso que ele tente de algum modo, e é isso que o faz crer-se ainda neste mundo.

Além das circunstâncias de morte violenta, há outras que tornam mais tenazes os laços do corpo e do Espírito, porque a ilusão, da qual falamos, se observa igualmente em certos casos de morte natural, e é quando o individuo viveu mais da vida material do que da vida moral. Concebe-se que seu apego à matéria o retém ainda depois da morte, e prolonga assim a idéia de que nada tem a mudar para ele. Tal é o caso da pessoa que acabamos de falar.

Notemos a diferença que há entre a situação dessa pessoa e do segundo parente: um quer ainda comandar; crê ter necessidade de suas malas, de seus cavalos, de sua viatura, para ir reencontrar sua mulher; não sabe ainda que, como Espírito, pode fazê-lo instantaneamente, ou, melhor dizendo, seu perispírito é ainda tão material que ele o crê sujeito a todas as necessidades do corpo. O outro, que viveu a vida moral, que teve sentimentos religiosos, que se identificou com a vida futura, embora surpreendido com mais improviso que o primeiro, já está desligado; disse que a vive no meio de sua família, mas sabe que é um Espírito; fala à sua mulher e aos seus filhos, mas sabe que é pelo pensamento; em uma apalavra, não há mais ilusão, ao passo que o outro ainda está na perturbação e nas angústias. Ele tem de tal modo o sentimento da vida real, que viu sua mulher e seus filhos partirem, e que partiram com efeito no dia indicado, o que ignorava seu parente a quem apareceu. Por outro lado, notemos uma palavra muito característica de sua parte, e que pinta bem na sua posição. A esta pergunta: De onde vens? Respondeu primeiro pelo nome do lugar onde habitava; depois a esta: É do castelo? Não! Disse com pavor, é do cemitério. Ora, isso prova uma coisa, é que, não estando completo o desligamento, uma espécie de atração existia, ainda, entre o Espírito e o corpo, o que fez dizer que veio do cemitério; mas nesse momento parece começar a compreender a verdade; a própria questão parece colocá-lo no caminho chamando sua atenção para os despojos, por isso pronunciou essa palavra com temor.

Os exemplos desta natureza são muito numerosos, e um dos mais tocantes é o do suicídio da Samaritana, que reportamos no nosso número de junho de 1858. Esse homem, evocado vários dias depois de sua morte, afirmava, também, estar ainda vivo, e dizia: Entretanto, sinto os vermes me roerem, como fizemos observar na nossa relação, isso não era uma lembrança, uma vez que durante a vida não era roído pelos vermes; era, pois, o sentimento da atualidade, uma espécie de repercussão transmitida do corpo ao Espírito, pela comunicação fluídica que ainda existia entre eles. Esta comunicação não se traduz sempre do mesmo modo, mas é sempre mais ou menos penosa, e como um primeiro castigo para aquele que muito se identificou, durante sua vida, com a matéria.

Que diferença com a calma, a serenidade, a doce quietude daqueles que morrem sem remorso, com a consciência de haver bem empregado o tempo de sua estada neste mundo, daqueles que não se deixaram dominar por suas paixões! A passagem é curta e sem amargura, porque a morte é para eles o retorno do exílio para a sua verdadeira pátria. Está aí uma teoria, um sistema? Não, é o quadro que nos oferecem, todos os dias, nossas comunicações de além-túmulo, quadro cujos aspectos variam ao infinito, é onde cada um pode haurir um ensinamento útil, porque cada um nele encontra exemplos que pode aproveitar, se quer se dar ao trabalho de consultá-lo; é um espelho onde pode se reconhecer quem não está cego pelo orgulho.

Allan Kardec

Ao Médium Consciente



- Os médiuns audientes, que apenas transmitem o que ouvem, não são, propriamente falando, médiuns falantes; estes últimos, com muita freqüência, não ouvem nada; neles o Espírito atua sobre os órgãos da palavra, como atua sobre a mão dos médiuns escreventes. O Espírito, querendo se comunicar, serve de órgão no qual encontra mais flexibilidade no médium; de um empresta a mão, de outro a palavra, de um terceiro o ouvido. O médium falante se exprime geralmente sem ter a consciência do que diz, e, frequentemente, diz coisas completamente fora de suas idéias habituais, de seus conhecimentos e mesmo do alcance de sua inteligência. Embora esteja perfeitamente desperto e num estado normal, raramente conserva a lembrança do que disse; em suma, a palavra é nele um instrumento do qual se serve o Espírito, e com a qual uma pessoa estranha pode entrar em comunicação, como pode fazê-lo por intermédio do médium audiente.

A passividade de um médium falante não é sempre bastante completa; há os que têm a intuição do que dizem no próprio momento em que pronunciam as palavras.
O Livro dos Médiuns - Questão 166.



Ao Médium Consciente

Se a incorporação consciente é o campo de atividade que o Senhor te confia, na prática mediúnica, encontras, em verdade, a perseverança como sendo o maior imperativo de apoio e a dúvida sem proveito, por perigo maior.

Convence-te, porém, de que o serviço paciente, a pouco e pouco, dirimirá, em definitivo, todas as tuas vacilações.

Sê persistente no dever a cumprir e dias virão, nos quais distinguirás, em ti, de forma irretorquível, a legitimidade do fenômeno através de provas simples e várias:

1. Manifestações por teu intermédio de personalidade que desconheces, identificadas por outros participantes da sessão.

2. Comunicações de familiares e amigos por tuas faculdades, ofertando-te valores irrecusáveis de identidade.

3. Ocorrências de sensação íntima na abordagem inicial desse ou daquele manifestante que, para surpresa tua, interrompe o transe, afasta-se e se comunica incontinente por outro médium, na mesma reunião, revelando as mesmas idéias e o mesmo tom emocional que experimentavas, momentos antes.

4. Diferenciação imediata dos teus estados psicológicos antes e após a sessão, quando se verificam intercorrências de tensão e desafogo semelhantes às da atmosfera carregada de forças.

5. O teu próprio reajuste físico e moral, à medida que te consagras com pontualidade e devotamento às tarefas de cooperação com os Benfeitores espirituais e de assistência aos sofredores desencarnados.

6. Elevação do teu índice de lucidez mental, depois de certo tempo de trabalho, em que se te rearticulam e alimpam as energias do espírito, pelo exercício constante do pensamento aplicado às boas obras.

7. Manifestas claras vantagens espirituais hauridas mecanicamente por parentes e companheiros, cuja autoria não podes reivindicar.

8. Reação do reconforto e regozijo dos enfermos melhorados ou recuperados que nem de longe conseguirias atribuir a ti próprio.

9. Renovação e melhoria incontestáveis dos ambientes sociais e domésticos em que transitas, indiretamente beneficiados por teu concurso à desobsessão.

10. Cobertura de confiança e alegria que fornecerás aos companheiros de equipes medianímicas diversas, por funcionares qual agente irradiante de fé renovadora e nobre estímulo no amparo geral aos seareiros do bem.

Analisa as tuas indagações.

*

Existe muita preguiça mascarada de dúvida, existindo até mesmo o médium cuja mediunidade todos reconhecem, prezam e valorizam, menos ele...

Desce Elevando


Jamais o reino do bem poderá ter lugar sobre a Terra?
- O bem reinará sobre a Terra quando, entre os Espíritos que vêm habitá-la, os bons vencerem sobre os maus. Então, farão nela reinar o amor e a justiça que são a fonte do bem e da felicidade. É pelo progresso moral e pela prática das leis de Deus que o homem atrairá sobre a Terra os bons Espíritos e dela afastará os maus. Mas os maus não a deixarão senão quando dela forem banidos o orgulho e o egoísmo.
O livro dos Espíritos – Questão 1018.



Desce Elevando

Desce, elevando aqueles que te comungam a convivência, para que a vida em torno suba igualmente de nível.

Se sabes, não firas o ignorante. Oferece-lhe apoio para que se liberte da sombra.

Se podes, não oprimas o fraco. Ajuda-o, de alguma sorte, a fortalecer-se, para que se faça mais útil.

Se entesouraste a virtude, não humilhes o companheiro que o vicio ensandece. Estende-lhe a bênção do amor como adequada medicação.

Se te sentes correto, não censures o irmão transviado em desajustes do espírito. Dá-lhe o braço fraterno para que se renove.

Se ajudas, não recrimines quem te recebe o socorro. Pão amaldiçoado é veneno na boca.

Se ensinas, não flageles quem te recebe a lição. Beneficio com açoite é mel em taça candente.

Auxilia em silêncio para que o teu amparo não se converta em tributo espinhoso na sensibilidade daqueles que te recolhem a dádiva, porque toda caridade a exibir-se no palanque das conveniências do mundo é sempre vaidade, em forma de serpe no coração, e toda modéstia que pede o apreço dos outros, para exprimir-se, é sempre orgulho em forma de lodo nos escaninhos da alma.

Nesse sentido, não te esqueças do Mestre que desceu, até nós, revelando-nos como sublimar a existência.

Anjo entre os anjos, faz-se pobre criança necessitada de arrimo de singelos pastores; sábio entre os sábios, transforma-se em amigo anônimo de pescadores humildes, comungando-lhes a linguagem; instrutor entre os instrutores, detém-se, bondoso, entre enfermos e aflitos, crianças e mendigos abandonados, para abraçar-lhes e luta, e, juiz dos juízes, não se revolta por sofrer no tumulto da praça o iníquo julgamento do povo que o prefere a Barrabás, para os tormentos imerecidos.

Todavia, por descer, elevando quantos lhe não podiam compreender a refulgência da altura, é que se fez o caminho de nossa ascensão espiritual, a verdade de nosso gradativo aprimoramento e a vida de nossas vidas, a erguer-nos a alma entenebrecida no erro, para a vitória da luz.

segunda-feira, 14 de março de 2011

A existência do principio espiritual é um fato que não tem, por assim dizer, mais necessidade de demonstração que o princípio material; é de alguma sorte uma verdade axiomática: afirma-se por seus efeitos, como a matéria por aqueles que lhes são próprios.

Segundo o princípio: "Todo efeito tendo uma causa, todo efeito inteligente deve ter uma causa inteligente," não há ninguém que não faça a diferença entre o movimento mecânico de um sino agitado pelo vento, e o movimento desse mesmo sino destinado a dar um sinal, uma advertência, atestando, por isso mesmo, um pensamento, uma intenção. Ora, como a ninguém pode vir a idéia de atribuir o pensamento à matéria do sino, disso se conclui que está movido por uma inteligência à qual serve de instrumento para se manifestar.

Pela mesma razão, ninguém tem a idéia de atribuir o pensamento ao corpo de um homem morto. Se o homem vivo pensa, é, pois, que há nele alguma coisa que não há mais quando está morto. A diferença que existe entre ele e o sino, é que a inteligência que faz mover este está fora dele, ao passo que a que faz o homem agir está nele mesmo.

O princípio espiritual é o corolário da existência de Deus; sem esse princípio, Deus não teria razão de ser, porque não se poderia mais conceber a soberana inteligência reinando, durante a eternidade, somente sobre a matéria bruta, que um monarca terrestre não reinando, durante toda a sua vida, senão sobre pedras. Como não se pode admitir Deus sem os atributos essenciais da Divindade: a justiça e a bondade, essas qualidades seriam inúteis se não devessem se exercer senão sobre a matéria.

Por outro lado, não se poderia conceber um Deus soberanamente justo e bom, criando seres inteligentes e sensíveis, para destiná-los ao nada, depois de alguns dias de sofrimentos sem compensações, repassando sua visão dessa sucessão indefinida de seres que nascem sem o ter pedido, pensam um instante para não conhecerem senão a dor, e se extinguem para sempre depois de uma existência efêmera.

Sem a sobrevivência do ser pensante, os sofrimentos da vida seriam, da parte de Deus, uma crueldade sem objetivo. Eis porque o materialismo e o ateísmo são os corolários um do outro; negando a causa, não podem admitir o efeito; negando o efeito, não podem admitir a causa. O materialismo, portanto, é conseqüente consigo mesmo, se não o é com a razão.

A idéia da perpetuidade do ser espiritual é inata no homem; nele está no estado de intuição e de aspiração; compreende que só aí está a compensação às misérias da vida; por isso sempre houve, e sempre haverá, mais espiritualistas que materialistas, e mais deístas que ateus.

À idéia intuitiva e ao poder do raciocínio, o Espiritismo vem acrescentar a sanção dos fatos, a prova material da existência do ser espiritual, de sua sobrevivência, de sua imortalidade e de sua individualidade; ele precisa e define o que este pensamento tinha de vago e de abstrato. Mostra-nos o ser inteligente agindo fora da matéria, seja depois, seja durante a vida do corpo.

O principio espiritual e o principio vital são uma só e a mesma coisa?

Partindo, como sempre, da observação dos fatos, diremos que, se o principio vital fosse inseparável do principio inteligente, não haveria aí qualquer razão para confundi-los; mas, uma vez que se vêem seres que vivem e não pensam, como as plantas; corpos humanos serem ainda animados de vida orgânica, quando neles não existe nenhuma manifestação do pensamento; que se produzem no ser vivo movimentos vitais independentes de todo ato de vontade; que durante o sono a vida orgânica está em toda a sua atividade, ao passo que a vida intelectual não se manifesta por nenhum sinal exterior; há lugar para se admitir que a vida orgânica reside num principio inerente à matéria, independente da vida espiritual que é inerente ao Espírito. Desde então, que a matéria tem uma vitalidade independente do Espírito, e que o Espírito tem uma vitalidade independente da matéria, torna-se evidente que esta dupla vitalidade repousa sobre dois princípios diferentes.

O principio espiritual teria sua fonte no elemento cósmico universal? Não seria senão uma transformação, um modo de existência desse elemento, como a luz, a eletricidade, o calor, etc.?

Se assim fosse, o principio espiritual sofreria as vicissitudes da matéria; extinguir-se-ia pela desagregação como o principio vital; o ser inteligente não teria senão uma existência momentânea como o corpo, e na morte reentraria no nada, ou, o que vem a ser o mesmo, no todo universal; isto seria, numa palavra, a sanção das doutrinas materialistas.

As propriedades "sui generis" que são reconhecidas no principio espiritual provam que ele tem a sua existência própria, independente, uma vez que, se tivesse a sua origem na matéria, não teria essas propriedades. Uma vez que a inteligência e o pensamento não podem ser atributos da matéria, chega-se a esta conclusão, remontando dos efeitos à causa, que o elemento material e o elemento espiritual são os dois princípios constitutivos do Universo. O elemento espiritual individualizado constitui os seres chamados Espíritos, como o elemento material individualizado constitui os diferentes corpos da Natureza, orgânicos e inorgânicos.

Sendo admitido o ser espiritual, e sua fonte não podendo estar na matéria, qual é a sua origem, o seu ponto de partida?

Aqui, os meios de investigação fazem absolutamente falta, como em tudo o que se prende ao principio das coisas. O homem não pode constatar senão o que existe; sobre todo o resto, não pode emitir senão hipóteses; e seja que esse conhecimento ultrapasse a capacidade de sua inteligência atual, seja que há para ele inutilidade ou inconveniência em possuí-lo para o momento, Deus não lhe dá, mesmo pela revelação.

O que Deus lhe faz dizer, pelos seus mensageiros, e o que, aliás, o homem poderia deduzir, ele mesmo, do principio da soberana justiça, que é um dos atributos essenciais da Divindade, é que todos têm um mesmo ponto de partida; que todos são criados simples e ignorantes, com uma igual aptidão para progredir pela sua atividade individual; que todos atingirão o grau de perfeição compatível com a criatura pelos seus esforços pessoais; que todos, sendo filhos de um mesmo Pai, são o objeto de uma igual solicitude; que não há nenhum mais favorecido ou melhor dotado que os outros, e dispensado do trabalho que seria imposto a outros para alcançar o objetivo.

Ao mesmo tempo em que Deus criou mundos materiais de toda a eternidade, igualmente criou seres espirituais de toda a eternidade; sem isso, os mundos materiais estariam sem objetivo. Conceber-se-ia antes os seres espirituais sem os mundos materiais, que estes últimos sem os seres espirituais. São os mundos materiais que devem fornecer aos seres espirituais os elementos da atividade para o desenvolvimento de sua inteligência.

O progresso é a condição normal dos seres espirituais, e a perfeição relativa o objetivo que devem alcançar; ora, Deus tendo criado de toda a eternidade, e criando sem cessar, de toda a eternidade também terá havido os que alcançaram o ponto culminante da escala.

Antes que a Terra existisse, mundos haviam sucedido os mundos, e quando a Terra saiu do caos dos elementos, o espaço estava povoado de seres espirituais, em todos os graus de adiantamento, desde aqueles que nasciam para a vida, até aqueles que, de toda a eternidade, tomaram lugar entre os puros Espíritos, vulgarmente chamados anjos.





Divórcio, edificação adiada, resto a pagar no balanço do espírito devedor. Isso geralmente porque um dos cônjuges, sócio na firma do casamento, veio a esquecer que os direitos na instituição doméstica somam deveres iguais.

A Doutrina Espírita elucida claramente o problema do lar, definindo responsabilidades e entremostrando os remanescentes do trabalho a fazer, segundo os compromissos anteriores em que marido e mulher assinaram contrato de serviço, antes da reencarnação.

Dois espíritos sob o aguilhão do remorso ou tangidos pelas exigências da evolução, ambos portando necessidades e débitos, combinam encontro ou reencontro no matrimônio, convencidos de que a união esponsalícia é, sobretudo, programa de obrigações regenerativas.

Reincorporados, porém, na veste física, se deixam embair pelas ilusões de antigos preconceitos da convenção social humana ou pelas hipnoses do desejo e passam ao território da responsabilidade matrimonial, quais sonâmbulos sorridentes, acreditando em felicidade de fantasia como as crianças admitem a solidez dos pequeninos castelos de papelão.

Surgem, no entanto, as realidades que sacodem a consciência.

Esposo e esposa reconhecem para logo que não são os donos exclusivos da empresa.

Sogro e sogra, cunhados e tutores consangüíneos são também sócios comanditários, cobrando os juros do capital afetivo que emprestaram, e os filhos vão aparecendo na feição de interessados no ajuste, reclamando cotas de sacrifício.

O tempo que durante o noivado era todo empregado no montante dos sonhos, passa a ser rigorosamente dividido entre deveres e pagamentos, previsões e apreensões, lutas e disciplinas e os cônjuges desprevenidos de conhecimento elevado, começam a experimentar fadiga e desânimo, quanto mais se lhes torna necessária a confiança recíproca para que o estabelecimento doméstico produza rendimento de valores substanciais em favor do mundo e da vida do espírito.

Descobrem, por fim, que amar não é apenas fantasiar, mas acima de tudo, construir. E construir pede não somente plano e esperança, mas também suor e por vezes aflição e lágrimas.

Auxiliemos, na Terra, a compreensão do casamento como sendo um consórcio de realizações e concessões mútuas, cuja falência é preciso evitar.

Divulguemos o princípio da reencarnação e da responsabilidade individual para que os lares formados atendam à missão a que se destinam.

Compreendamos os irmãos que não puderam evitar o divórcio porquanto ignoramos qual seria a nossa conduta em lugar deles, nos obstáculos e sofrimentos com que foram defrontados, mas interpretemos o matrimônio por sociedade venerável de interesses da alma perante Deus.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Viagens


Ambicionas viajar, mudar de ares, viver novas experiências, conhecer outras pessoas...

Sentes-te saturado por fazer as mesmas coisas, repetir os trabalhos habituais, conviver com as criaturas de todos os dias.

A imaginação te desenha cenas empolgantes, enriquecidas de ilusões, convidando-te a conhecer outras terras, passear pelas regiões paradisíacas.

Os lugares onde ainda não estiveste, se te apresentam encantadores, ricos de promessas e de realizações, ensejando-te a felicidade que se te faz escassa, muito distante daquilo que anelas.

*

Os promotores de turismo apresentam recepcionistas risonhos, vivendo um clima de festa permanente, de verdadeiro encantamento.

Fascinado, acreditas que lá, no lugar onde não estás, tudo são alegrias e brilho, jogos de prazeres e constante renovação de festa.

Se não consegues, de imediato, realizar os projetos que traças, na esperança de fruir essas satisfações, deixas-te dominar pela amargura, pela frustração, tombando em estados depressivos ou de revolta contra tudo e todos.

*

Retifica, porém, a maneira de encarar a vida.

A dor, a dificuldade e o problema, a alegria e a tristeza, a saúde, a enfermidade e a morte visitam a todos e se apresentam em todos os lugares.

Quem vive lá, no lugar que desejas ardentemente visitar, atormenta-se pelo desejo irreprimível de vir cá, onde te encontras, com idênticas impressões.

Ali se padece de situações iguais às tuas.

Há um fluxo contínuo e crescente destes que vão e daqueles que vêm.

Sorridentes e joviais aqui, comunicativos e ligeiros, lá, são taciturnos e tristes, vivem cansados e deprimidos, qual ocorre contigo e com os indivíduos daqui.

*

Há festa em toda parte e programações especiais para vender sensações, que deixam ressaibos de insatisfação e dor.

Provocam paixões que se desvanecem, tornando-se cinzas e rescaldo dos incêndios que proporcionam.

Enquanto na Terra, ninguém passa isento de provações.

Cada criatura experimenta e vive sua quota, conforme as suas necessidades evolutivas.

Não te iludas, portanto.

Aqueles que se te fazem modelos de felicidade e beleza, também sofrem muito. Estão, apenas, disfarçados, guindados ao profissionalismo do qual retiram o pão diário, e, às vezes, o veneno com que se matam lentamente.

Não imaginas o que lhes sucede...

Há um lugar ao teu alcance, onde a felicidade te aguarda e nada a perturbará.

Não te exige muito, nem te atormenta. Este reduto maravilhoso é o coração. Põe nele o teu tesouro, conforme propôs Jesus, e aí o desfrutarás.

*

Se viajares e te alegrares, levarás contigo a verdadeira alegria, e se não puderes sair de onde vives, manterás a mesma bênção sem qualquer conflito.

*

Já que desejas, porém, viajar, faze-o como uma experiência para dentro, descobrindo o mundo íntimo profundo, e aí fruirás da plenitude que nunca se acabará.

* * *

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos de Coragem.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Salvador, BA: LEAL, 1988.

Vidas Sucessivas


"Não te maravilhes de te haver
dito: Necessário vos é nascer de
novo."
Jesus. (JOÃO, 3:7.)
A palavra de Jesus a Nicodemos foi suficientemente clara.

Desviá-la para interpretações descabidas pode ser compreensível no sacerdócio organizado, atento às injunções da luta humana, mas nunca nos espíritos amantes da verdade legítima.

A reencarnação é lei universal.

Sem ela, a existência terrena representaria turbilhão de desordem e injustiça; à luz de seus esclarecimentos, entendemos todos os fenômenos dolorosos do caminho.

O homem ainda não percebeu toda a extensão da misericórdia divina, nos processos de resgate e reajustamento.

Entre os homens, o criminoso é enviado a penas cruéis, seja pela condenação à morte ou aos sofrimentos prolongados.

A Providência, todavia, corrige, amando... Não encaminha os réus a prisões infectas e úmidas. Determina somente que os comparsas de dramas nefastos troquem a vestimenta carnal e voltem ao palco da atividade humana, de modo a se redimirem, uns à frente dos outros.

Para a Sabedoria Magnânima nem sempre o que errou é um celerado, como nem sempre a vítima é pura e sincera. Deus não vê apenas a maldade que surge à superfície do escândalo; conhece o mecanismo sombrio de todas as circunstâncias que provocaram um crime.

O algoz integral como a vítima integral são desconhecidos do homem; o Pai, contudo, identifica as necessidades de seus filhos e reúne-os, periodicamente, pelos laços de sangue ou na rede dos compromissos edificantes, a fim de que aprendam a lei do amor, entre as dificuldades e as dores do destino, com a bênção de temporário esquecimento.

* * *

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caminho, Verdade e Vida.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.
16a edição. Lição 110. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996.

É razoável pensar nisto


A paciência não é um vitral gracioso para as suas horas de lazer. É amparo destinado aos obstáculos.

A serenidade não é jardim para os seus dias dourados. É suprimento de paz para as decepções de seu caminho.

A calma não é harmonioso violino para as suas conversações agradáveis. É valor substancial para os seus entendimentos difíceis.

A tolerância não é saboroso vinho para os seus minutos de camaradagem. É porta valiosa para que você demonstre boa-vontade, ante os companheiros menos evolvidos.

A boa cooperação não é processo fácil de receber concurso alheio. É o meio de você ajudar ao companheiro que necessita.

A confiança não é um néctar para as suas noites de prata. É refugio certo para as ocasiões de tormenta.

O otimismo não constitui poltrona preguiçosa para os seus crepúsculos de anil. É manancial de forças para os seus dias de luta.

A resistência não é adorno verbalista. É sustento de sua fé.

A esperança não é genuflexório de simples contemplação. É energia para as realizações elevadas que competem ao seu espírito.

Virtude não é flor ornamental. É fruto abençoado do esforço próprio que você deve usar e engrandecer no momento oportuno.

* * *

André Luiz

(Mensagem retirada do livro "Agenda Cristã" psicografia de Francisco Cândido Xavier)

Você mesmo


Você mesmo
Lembre-se de que você mesmo é:
o melhor secretário de sua tarefa,
o mais eficiente propagandista de seus ideais, a mais clara demonstração de seus princípios,
o mais alto padrão do ensino superior que seu espírito abraça e a mensagem viva das elevadas noções que você transmite aos
outros.

Não se esqueça, igualmente, de que:
o maior inimigo de suas realizações mais nobres,
a completa ou incompleta negação do idealismo sublime que você apregoa,
a nota discordante da sinfonia do bem que pretende executar, o arquiteto de suas aflições
e o destruidor de suas oportunidades de elevação.

— é você mesmo.

* * *

André Luiz

(Mensagem retirada do livro "Agenda Cristã" psicografia de Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Acreditar e agir


Um viajante caminhava pelas margens de um grande lago de águas cristalinas e imaginava uma forma de chegar até o outro lado, onde era seu destino.

Suspirou profundamente enquanto tentava fixar o olhar no horizonte. A voz de um homem de cabelos brancos quebrou o silêncio momentâneo, oferecendo-se para transportá-lo. Era um barqueiro.

O pequeno barco envelhecido, no qual a travessia seria realizada, era provido de dois remos de madeira de carvalho.

O viajante olhou detidamente e percebeu o que pareciam ser letras em cada remo. Ao colocar os pés empoeirados dentro do barco, observou que eram mesmo duas palavras.

Num dos remos estava entalhada a palavra acreditar e no outro, agir.

Não podendo conter a curiosidade, perguntou a razão daqueles nomes originais dados aos remos.

O barqueiro pegou o remo, no qual estava escrito acreditar, e remou com toda força.

O barco, então, começou a dar voltas, sem sair do lugar em que estava.

Em seguida, pegou o remo em que estava escrito agir e remou com todo vigor.

Novamente o barco girou em sentido oposto, sem ir adiante.

Finalmente, o velho barqueiro, segurando os dois remos, movimentou-os ao mesmo tempo e o barco, impulsionado por ambos os lados, navegou através das águas do lago, chegando calmamente à outra margem.

Então, o barqueiro disse ao viajante:

Este barco pode ser chamado de autoconfiança. E a margem é a meta que desejamos atingir.

Para que o barco da autoconfiança navegue seguro e alcance a meta pretendida, é preciso que utilizemos os dois remos, ao mesmo tempo, e com a mesma intensidade: agir e acreditar.

Não basta apenas acreditar, senão o barco ficará rodando em círculos. É preciso também agir, para movimentá-lo na direção que nos levará a alcançar a nossa meta.

Agir e acreditar. Impulsionar os remos com força e com vontade, superando as ondas e os vendavais e não esquecer que, por vezes, é preciso remar contra a maré.

* * *

Gandhi tinha uma meta: libertar seu povo do jugo inglês. Tinha também uma estratégia: a não-violência.

Sua autoconfiança foi tanta que atingiu a sua meta sem derramamento de sangue. Ele não só acreditou que era possível, mas também agiu com segurança.

Madre Teresa também tinha uma meta: socorrer os pobres abandonados de Calcutá. Acreditou e agiu, superando a meta inicial, socorrendo pobres do mundo inteiro.

Albert Schweitzer traçou sua meta e chegou lá. Deixou o conforto da cidade grande e se embrenhou na selva da África francesa para atender aos nativos, no mais completo anonimato.

Como estes, teríamos outros tantos exemplos de homens e mulheres que não só acreditaram, mas que tornaram realidade seus planos de felicidade e redenção particular.

* * *

E você? Está remando com firmeza para atingir a meta a que se propôs?

Se o barco da sua autoconfiança está parado no meio do caminho ou andando em círculos, é hora de tomar uma decisão e impulsioná-lo com força e com vontade.

Lembre que só você poderá acioná-lo utilizando-se dos dois remos: agir e acreditar.

* * *

Caso você ainda não tenha uma meta traçada ou deseje refazer a sua, considere alguns pontos:

verifique se os caminhos que irá percorrer não estarão invadindo a propriedade de terceiros;

se as águas que deseja navegar estão protegidas dos calhaus da inveja, do orgulho, do ódio;

e, antes de movimentar o barco, verifique se os remos não estão corroídos pelo ácido do egoísmo.

Depois de tomar todas estas precauções, siga em frente e boa viagem.



Redação do Momento Espírita, com base em texto veiculado pela Internet, atribuído a Aurélio Nicoladeli.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 5 e nos livros Momento Espírita v. 2 e 3, ed. Fep.
Em 11.10.2010.

Nossa casa


Um velho carpinteiro estava em vias de se aposentar. Chegou ao seu superior e informou a decisão. Os anos lhe pesavam muito e ele desejava uma vida mais calma.

Queria descansar um pouco, estar mais com a família, despreocupar-se de horários e rígidas disciplinas que o trabalho lhe impunha.

Porque fosse um excelente funcionário, seu chefe se entristeceu. Perderia um colaborador precioso.

Como última tarefa, antes de deixar seu posto de tantos anos, o chefe lhe pediu que construísse uma casa. Era um favor especial que ele pedia.

O carpinteiro consentiu. À medida que as paredes iam subindo, as peças sendo delineadas, o acabamento sendo feito, podia se perceber à distância que os pensamentos e o coração do servidor não estavam ali.

Ele não se empenhou no trabalho. Não se preocupou na seleção da matéria-prima, de forma que as portas, janelas e o teto apresentavam sérios defeitos.

Como também não teve cuidado com a mão de obra, a casa tomou um aspecto lamentável. Foi uma maneira bem desagradável dele encerrar a sua carreira.

Surpresa maior foi quando o chefe veio inspecionar a obra terminada. Olhou e pareceu não ficar satisfeito. Aquele não era um trabalho do seu melhor carpinteiro.

No entanto, tomou as chaves da casa e as entregou ao carpinteiro.

Esta casa é sua. É meu presente para você, por tantos anos de dedicação em minha empresa.

Que choque! Que vergonha! Se ele soubesse que a casa seria sua, teria caprichado. Teria buscado os melhores materiais. O acabamento teria merecido atenção especial.

Mas agora ele iria morar naquela casa tão mal feita.

Assim acontece conosco. Construímos nossas vidas de maneira distraída e descuidada.

Esquecemos de levantar paredes sólidas de afeto que nos garantirão o abrigo na hora da adversidade. Não providenciamos teto seguro de honradez para os dias do infortúnio.

Não nos preocupamos com detalhes pequenos como gentileza, delicadeza, atenções que demonstrem interesse para com os demais.

Pensemos em nós como um carpinteiro. Pensemos em nossa casa. Cada dia martelamos um prego novo, colocamos uma armação, estendemos vigas, levantamos paredes.

Construamos com sabedoria nossa vida. Porque a nossa vida de hoje é o resultado das nossas atitudes e escolhas feitas no ontem. Tanto quanto nossa vida do amanhã será o resultado das atitudes e escolhas que fizermos hoje.

E se nos sentirmos falharem as forças, recordemos a advertência que se encontra no capítulo primeiro da epístola de Tiago, versículo 5: Se alguém tem falta de sabedoria, peça a Deus. Ele a dará porque é generoso e dá com bondade a todos.

* * *

Tudo que realizes, faze-o com alegria.

Coloca estrelas de esperança no céu de tua vida e alegra-te pela oportunidade evolutiva.

A alegria que é resultado de uma conduta digna, é geradora de saúde e bem-estar.

E toda alegria resulta de uma visão positiva da vida, que se enriquece de inestimáveis tesouros de paz interior.

O teu amanhã será de luz se hoje semeares bom ânimo, o bem e a amizade.



Redação do Momento Espírita, com base em conto da Gazeta cristã, ano III, de novembro de 1999 e no cap. 40, do livro Episódios diários, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 27.01.2011.