segunda-feira, 31 de maio de 2010

O Centro Espírita


O Centro Espírita é importante núcleo educativo no vasto instituto da família humana, onde recolhemos sublimes inspirações que nos induzem ao auto-aperfeiçoamento e nos ensejam o dever do auxílio mútuo no plantio do amor.

Imaginemo-lo na complexidade de usina e laboratório, hospital e escola, núcleo de pesquisas e célula de experiências valiosas, onde o coração e o cérebro se entreguem a inadiáveis tarefas de abnegação e fraternidade, de equilíbrio e união, de estudo e luz.

Abençoado lar de nossas almas, recorda-nos a efetiva integração na grande família universal.

Sentindo-lhe a missionária participação na atualidade de nossos destinos, abracemos responsabilidades e encargos na Casa Espírita, evitando, quanto possível, que a instituição cresça ao sabor da casualidade, relegando à inspiração de benfeitores espirituais zelos e providências inerentes aos encarnados.

Findas as primeiras emoções no contato com as verdades espirituais, deixemos que a razão nos governe os sentimentos, a fim de que o Centro Espírita se alteie, disciplinado e nobre, conservando seu potencial de atividades futuras, à feição da semente, exuberante de esperanças, entremostrando nos tenros rebentos os germes que organizarão os diversos departamentos do vegetal superior, transformadores da seiva nutris em frutos sazonados.

Evitemos as improvisações na sementeira da fé. Dois mil anos de experiências no Cristianismo são preciosas lições que não se pode desprezar.

A Casa Espírita guardará, por certo, a simplicidade do templo de corações, mas não poderá fugir às destinações de educandário de almas.

Adequar-lhe a ambiência física, com vistas às suas finalidades precípuas, é conseqüência inadiável de nossa vivência à luz do bom senso, que jamais se compadece com a inoperância de tudo relegar à determinação única dos Espíritos.

Observemos, em breves comparações, os valores da cultura terrestre determinando eficiente orientação para o progresso geral, criando nos bastidores de suas conquistas, ambientes propícios ao desenvolvimento de suas atividades. Aqui, reconhecemos que os redutos de instrução pedem salas adequadas, do pré-escolar ao estudo de nível superior; ali, verificamos que os laboratórios médicos exigem implementos próprios, em meio asséptico; adiante, anotamos os engenhos da cibernética reclamando da tecnologia crescente, compartimentos especiais para que funcionem a contento, amparando o progresso...

Se as conquistas transitórias da mente reclamam tempo e espaço adequados às manipulações do estudo digno, estipulando em média quinze anos no labor ininterrupto com os livros para que os diplomas rotulem o conhecimento especializado, que não dizer das aquisições perenes do Espírito no trato com a moral sublime onde a religião reserva à fé seu galardão de luz?

Contemplemos o recanto de terra trabalhada pelo agricultor. Após o primeiro instante do êxtase sob a força do ideal, o lidador do solo entrega-se, cheio de afã, a arrotear o campo, dividindo a área cultivada em compartimentos destinados a este ou aquele cultivo.

O Centro Espírita não deve crescer, igualmente, ao influxo de nosso puro sentimentalismo, que nem sempre reflete amadurecimento, segurança ou equilíbrio.

Entendemos, assim, a importância do movimento unificador da Doutrina, cujas Instituições mas experientes orientarão o crescimento equilibrado dos novos núcleos, ainda carentes de previsão e segurança.

A família cuidadosa edificará o domicílio acolhedor, prevendo, para melhor prover, departamentos nos quais acolherá a prole querida, nos quais atenderá às obrigações sociais e montará o indispensável laboratório da alimentação e saúde.

Similarmente, a Casa Espírita há de surgir, crescer e desenvolver-se, considerando suas definições próprias nos cenários humanos.

É indispensável a sala de orações onde nos entregamos de igual modo aos estudos públicos do Evangelho e da Vida ou à conversação discreta com irmãos enfermiços do plano espiritual. Contudo, bem maior é a responsabilidade, ainda não percebida por todos os espíritas, de mobilizar todos os recursos possíveis, à instrução, orientação e educação dos encarnados, seja na infância, na mocidade, na madureza ou na velhice, a fim de que se desincumbam com êxito de suas tarefas.

O Centro Espírita será, antes de tudo, o estabelecimento educativo para encarnados, de vez que o plano espiritual não se abstém de organizar a ambiência adequada ao amparo dos desencarnados.

Atentos, pois, à organização jurídico-social de nossas instituições, sem nos descurarmos dos encargos econômicos impostos pelo cotidiano, observemos, com singular ênfase, sua adequação física com vistas ao funcionamento ideal dos núcleos doutrinários vigilantes no conhecimento de que o Centro Espírita, ainda que singelo e pequenino, exigirá de cada um de nós dignidade de convicção e fé, bem como disciplina e elevação no sublime sacerdócio que nos cabe no santuário de nossa renovação espiritual.

Guillon Ribeiro

(Mensagem psicografada em reunião pública da Casa Espírita Cristã, em 02/02/1969, pelo médium Júlio Cezar Grandi Ribeiro)

Fonte: Reformador de Agosto de 1976

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